"...E as teias que vidram nas janelas

esperam um barco parecido com elas

Não tenho barqueiro nem hei-de remar

Procuro caminhos novos para andar



E É a pronúncia do Norte

Corre um rio para o mar..."


segunda-feira, 17 de maio de 2010

História à moda do Porto - Infante D.Henrique

Inauguro hoje a rubrica "História à moda do Porto" com um dos portuenses mais ilustres da nossa História e alguém que sempre povoou o meu imaginário desde as aulas de história do ciclo: o Infante D.Henrique.



Nascido no Porto em 3 de Março de 1394 (uma quarta-feira de cinzas, dia que se considerava pouco propício ao nascimento de uma criança), o Infante foi o quinto filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre.

O infante foi baptizado alguns dias depois do seu nascimento, tendo sido o seu padrinho o bispo de Viseu. Os seus pais deram-lhe o nome Henrique possivelmente em honra do seu tio-avô, o duque Henrique de Lencastre (futuro Henrique IV de Inglaterra).

Da sua infância pouco se sabe, apenas que teve, juntamente com os seus irmãos,como aio um cavaleiro da Ordem de Avis.

Contava apenas 21 anos de idade quando D. João I determinou armá-lo cavaleiro e aos seus dois irmãos D. Duarte e D. Pedro, com as festas publicas de grande solenidade, segundo o costume daqueles tempos. Mas o infante D. Henrique desejava antes receber as armas em verdadeira guerra, para onde o arrastava a sua inclinação e valor.

Por isso, em 1414 convenceu o pai a organizar a expedição a Ceuta, que foi conquistada em 1415, marcando o início da expansão portuguesa. Foi o comandante da frota do Porto, e o primeiro que saltou em terra. No dia 25 do referido mês de Agosto, o seu pai armou-o cavaleiro da ordem de Cristo.

D. João I saiu de Ceuta com a armada em 2 de Setembro seguinte, e pouco dias depois ancorou em Tavira, no meio das jubilosas aclamações do povo. Reunindo ali os seus filhos, declarou querer remunerar-lhes o grande serviço que tinham prestado. Ao príncipe D. Duarte, como herdeiro da Coroa, nada podia oferecer que fosse de maior valor; mas a D. Pedro conferiu-lhe o título de duque de Coimbra, e o senhorio de Montemor-o-Velho, Aveiro e outras terras que daí em diante, por constituírem o apanágio da sua categoria, passaram a denominar-se do Infantado; o infante D. Henrique foi feito duque de Viseu e senhor da Covilhã. O título de duque era então desconhecido em Portugal.

Foi a conquista de Ceuta que vem ainda mais fixar os vagos desejos do infante D. Henrique de desvendar os mistérios do oceano. Portugal, efectivamente, formava nessa época, para o ocidente, o extremo do mundo conhecido. O Infante desde cedo dedicou-se muito ao estudo das Matemáticas, e em especial ao da Cosmografia, quando estas ciências apenas começavam a ser conhecidas na Europa, e que ele fez cultivar em Portugal.

Foi devido a esses estudos, às meditadas informações que alcançou de seu irmão D. Pedro, que viajara na Europa e na Ásia, e à leitura dos escritores antigos, que no seu espírito se formou a certeza de que ao norte do Senegal, então considerado braço do Nilo, existiam povos hereges, que comerciavam entre si. Levar a luz cristã ao espírito desses povos e colher fruto do seu comércio, foi o grandioso plano do infante.

De facto, navios ao seu serviço chegaram pela primeira vez à Madeira em 1419 e aos Açores em 1427, ilhas que foram povoadas por ordem do Infante. Mas este homem de espírito voluntarioso e extraordinária obstinação queria ir mais além. O reconhecimento da costa ocidental africana era um dos seus objectivos. A passagem do cabo Bojador por Gil Eanes em 1434 foi um grande êxito e terminou com os medos ancestrais relacionados com aquelas paragens longínquas. Já tinham sido feitas diversas tentativas para dobrar o cabo, mas os navegantes acabavam sempre por recuar.

Mas não só de êxitos se revestiu a vida do Infante. De facto, foi um dos principais proponentes da conquista de Tânger, que se tentou em 1437 e que terminou de forma trágica devido à prisão e posterior morte no cativeiro do seu irmão, o infante D. Fernando.

Tal facto esmoreceu um bocado a sede de conhecimento do Infante mas as viagens de exploração foram retomadas em 1441, com Dinis Dias a chegar ao rio Senegal e a dobrar o cabo Verde três anos depois. A Guiné é ainda visitada no seu tempo. Até ao ano da morte do Infante D. Henrique, em 1460, a costa africana foi reconhecida até à Serra Leoa.

Apesar de só ter sulcado as ondas do oceano para as suas expedições de conquista em Marrocos, teve o cognome de Navegador, e na verdade bem merecido, porque a ele se deve o primeiro impulso e o grande incitamento das grandes navegações, que tanto contribuíram para o progresso da civilização, que ampliaram tanto o conhecimento do mundo.

Segundo a lenda, o Infante D. Henrique fundou, como governador do Algarve, a mítica “Escola de Sagres”, com relevante importância, mas que nunca existiu no sentido físico, como explica João Oliveira e Costa (director do Centro de História de Além-Mar, da Universidade Nova de Lisboa): “É no Sudoeste algarvio que nasce a caravela dos descobrimentos e alguns dos instrumentos de orientação em alto-mar, que depois foram usados com sucesso. Nessa perspectiva, podemos dizer que houve uma ‘Escola de Sagres’. Não no sentido de um edifício.”

Faleceu em Sagres, solteiro. O seu corpo foi primeiramente depositado na igreja de Lagos, sendo dali trasladado para o convento da Batalha em 1461, pelo infante D. Fernando, seu sobrinho, filho de el-rei Duarte, a quem pouco tempo antes havia constituído herdeiro e adoptara como filho.

Sobre seu o túmulo vê-se a sua estátua de pedra, que em relevo o representa ao natural, vestido de armas brancas e coroado de coroa real entretecida de folhas de carvalho, e uma rosa no meio.

No seu túmulo encontram-se três escudos: o primeiro com as armas do reino de Portugal e as suas, e nos outros dois as insígnias das duas ordens que professara, de Cristo e da Jarreteira. Foram sua divisa uns ramos pequenos, e curtos como de carrasco com seus frutos pendentes, e por mote em língua francesa as palavras: Talent de bien faire. Esta divisa também se vê no túmulo, tendo por baixo numa só linha, em todo o comprimento do túmulo, um epitáfio em letra alemã.

El-rei D. Manuel lhe mandou colocar também seu retrato na estátua de mármore sobre a coluna, que divide a porta travessa da igreja de Belém, como fundador da antiga ermida de Nossa Senhora do Restelo, que existiu primeiro naquele local.

Em 1892 constitui-se uma grande comissão que dedicadamente trabalhou, celebrando-se no Porto, sua terra natal, o centenário do infante D. Henrique com toda a solenidade e brilhantismo. Efectuaram-se as festas nos dias 1, 2, 3 e 4 de Março de 1894, sendo os dias 3 e 4 considerados de grande gala, por decreto de 28 de Fevereiro de 1894. No dia 4 foi solenemente assente a primeira pedra no momento, na praça do Infante D. Henrique, assistindo a esta cerimónia suas majestades el-rei senhor D. Carlos e a rainha senhora D. Amélia, representantes do governo, autoridades, etc. O monumento é obra do escultor Tomás Costa, e inaugurou-se, também com a assistência da família real, em31 de Outubro de 1900.



Na cidade do Porto é possível visitar o local onde nasceu o Infante. A Casa do Infante é tradicionalmente tida como o local de nascimento do Infante D. Henrique, patrono dos descobrimentos portugueses. Trata-se de um conjunto edificado que ocupa uma extensa área da zona ribeirinha do Porto e que foi sofrendo sucessivas alterações aos longo dos tempos. Para mais informações sobre a casa do Infante, nomeadamente horário de abertura e preçário consultar:

Casa do Infante

O Infante D.Henrique foi sem sombra de dúvida um dos vultos mais brilhantes da Idade Média. É o homem que simboliza a glória dos descobrimentos. Considerado por muitos um excêntrico, foi um portuense que se distingui pela sua coragem e ambição ! Houvessem mais infantes agora, e Portugal estaria certamente noutro patamar económico, social e científico !

segunda-feira, 10 de maio de 2010

SCUT's da palhaçda

As SCUT’s foram durante anos bandeira eleitoral, servindo como argumento na sempre manhosa caça ao voto. Volvidos alguns anos, os mesmos que se serviram delas para se sentarem no trono e governarem sem pudor algum, clamam agora pela introdução de portagens nas mesmas, valendo-se do argumento habitual dos últimos tempos, que serve de desculpa para tudo e mais alguma coisa: a tão famosa e medonha CRISE.

Foi pois decidido que as SCUT’s deixem de ser gratuitas, mas pasme-se, tal medida de acerto das contas do país, apenas tem efeito prático nas SCUT’s que circundam o Grande Porto e que têm servido como veículo dinamizador da frágil economia nortenha.

Pode-se discutir o principio do utilizador pagador, que para mim parece-me correcto, desde que ele seja definido inicialmente, aquando da construcção da auto-estrada. O que não se pode é fechar os olhos às promessas feitas anteriormente.

Tendo sido desde o seu início definidas como SCUT’s as auto-estradas que agora ficarão sem esse estatuto, e tendo-se revelado essa gratuidade fulcral para negócios de tão diversas áreas mas todas com acrescido valor económico para o próprio país, é incompreensivel que os governantes de lisboa usem mais uma vez os portuenses e nortenhos para corrigir os erros e falhas nas quais eles parecem ser mestres !

Na eventualidade de as SCUT’s deixarem de o ser, então é da mais elementar justiça que todas, sem qualquer tipo de excepção, passem a ser portajadas. Não faz sentido que uma região (Norte de Portugal) que a cada dia que passa se afasta mais das suas congéneres europeias fique mais sobrecarregada com impostos, enquanto que, por exemplo, o Algarve, região rica e essencialmente de turismo, continue a beneficiar das SCUT’s.

Somos todos portugueses, portanto se querem riscar do mapa as SCUT’s que o façam em todo o território nacional. Cá estaremos, atento e vigilantes, para atirar para cima dos representantes de lisboa, as culpas económicas que inevitavelmente irão resultar das suas brilhantes ideias.

Sem capacidade para descortinar soluções válidas que ajudem o país a manter-se à tona, os lisboetas utilizam-nos a todos como suas bóias de salvação, procurando com a nossa generosidade financeira salvar a sua pele. Não ficarão muito impressionados se alguns de nós tivermos como destino o fundo do mar.

terça-feira, 4 de maio de 2010

O Porto somos nós !!!

Neste blog pretendo ser uma voz activa da cidade do Porto, procurando destacar em cada mês um assunto político, cultural ou desportivo que tenha contribuido para engrandecer a mui nobre e leal cidade invicta, ou que pelo contrário, se tenha revelado negativo para a história da mais bela cidade do Universo. Será também um espaço para recordar pessoas e/ou momentos que desempenharam um papel fulcral na formação da identidade portuense e portuguesa.

As honras de abertura vão direitinhas para o desporto e para o FCP em particular. É justo dar honras de tema de destaque, à vitória para a Liga Sagres sobre o líder do campeonato e a quem, a esmagadora maioria da comunicação social, desejava um resultado que possibilitasse a conquista do título num dos locais mais emblemáticos da cidade do Porto.

O fedor que emana todos os dias, nos jornais, rádios e revistas, e através dos quais somos bombardeados com constantes provas de Portofobia, foi pelo menos por um dia quebrado e as páginas de jornal já reserbadas para noticiar um feito, que para alguns fedorentos seria semelhante a um orgasmo, tiveram de ser refeitas à pressa.

Por tudo isso e muito mais, foi uma vitória que não valeu apenas 3 pontos. Representou igualmente a garra e determinação de uma região, que teima em ser espoliada e prejudicada pelo centralismo que asfixia o nosso país ! Foi uma vitória contra aqueles que teimam em obrigar-nos a pagar portagens em auto-estradas que pomposamente, os mesmos anunciaram como não tendo custos para os utilizadores.

Por outro lado, foi também uma vitória de todos os verdadeiros portuenses (os que são apenas adeptos dos clubes da cidade de qual são exemplos mais representativos o FC Porto , Boavista, Salgueiros) contra aqueles que se dizem portuenses mas que preferem apoiar um clube que esteve, está e estará sempre conotado com o regime e com as atrocidades económicas que se vao praticando em Porugal em prol da riqueza, não de todos nós mas de uma região apenas.

Para todo nós, verdadeiros portuenses e nortenhos, foi uma alegria imensa ver o FCP representar a cidade e vê-la a suplantar e subjugar uma capital que se queria verdadeiramente nacional, mas que pelo contrário contribui, por exemplo, para aumentar significativamente a taxa de desemprego da região norte.

Enquanto o Boavista e Salgueiros não estiverem de volta aos palcos onde por direito mereciam estar, seria salutar verificar o apoio de todos os verdadeiro portuenses ao FCP nos jogos onde está em causa uma partida PORTO vs lisboa. Ver o Porto triunfar, sentir a revolta de jogadores do FC Porto por tudo o que lhe foi sonegado esta época em virtude da actuação vergonhosa dos campeões dos túneis e seus capangas, é igualmente senti-la como o nosso grito do Ipiranga ! A revolta do verdadeiro povo do Porto, contra todas as injustiças, com que os ignorantes e presunçosos nos têm presenteado ao longo dos anos.

Fica aqui uma palavra de apreço a um adepto boavisteiro, que a caminho do Boavista-merelinense, não se rogou a me acenar festivamente enquanto eu me dirigia a caminho do jogo, sendo ainda 15:30 ! Fosse sempre assim o ambiente de união entre todos os verdadeiros portuenses, e a nossa cidade e os nossos clubes não teriam nunca de se submeter aos invejosos e rancorosos governantes e pseudo-desportistas de lisboa.

Obrigado FC Porto pela vitória, por teres triunfado de forma categórica e contra todas as adversidades que o jogo proporcionou e por teres levado para longe da nossa cidade os festejos da liga dos túneis.

O PORTO somos nós, todos aqueles verdadeiros portuenses que lutamos para engrandecer a nossa cidade, contra o desplante totalitário com lisboa nos quer tratar !