"...E as teias que vidram nas janelas

esperam um barco parecido com elas

Não tenho barqueiro nem hei-de remar

Procuro caminhos novos para andar



E É a pronúncia do Norte

Corre um rio para o mar..."


terça-feira, 15 de junho de 2010

Pinócrates e as SCUT’s




Pela 1ª vez na vida dei por mim a consultar o Diário da República. Dizem que existe uma 1ª vez para tudo na vida e parece que até têm razão!

O motivo para este mergulho no mar de leis e artigos que tenta não fazer naufragar a nossa nação, prende-se com a introdução de portagens nas supostas SCUT’s da zona do Grande Porto. Como utilizador assíduo de uma delas (A42), na qual realizo viagens no mínimo em 4 dias da semana (no mínimo 8 viagens por semana…32 por mês…384 por ano…), e depois de ter ouvido que alguns trajectos iriam estar isentos de mais este imposto (porque já pagamos poucos impostos por exemplo ao adquirir um veículo ou ao abastecê-lo) automóvel, estava na expectativa de ser abrangido por essa benesse. Infelizmente constatei que não. De todas as pseudo SCUT’s, a única que não irá ter troços isentos é a A42.

Causa-me estranheza pois cidades como por exemplo Paços de Ferreira, são baluartes dos poucos postos de emprego que ainda vão subsistindo no Vale do Sousa. Fazer incidir mais taxas sobre estas pessoas, sobre essas empresa é condenar num futuro mais ou menos próximo esta zona do país a uma marginalidade social ainda mais grave que aquela que hoje já existe. Nas minhas frequentes deambulações pelas terras do Vale do Sousa tenho me apercebido de uma pobreza que vai aumentando a cada dia que passa; de uma tristeza que vai invadindo as pessoas e cobrindo as suas casas e os locais onde habitam com um manto de desilusão e angústia que teima em persistir.

Esta aparente distinção entre nortenhos de 1ª classe (os isentos) e nortenhos de 2ª classe (os pagadores) revela-se mais uma incoerência de um processo que nos foi vendido como sendo algo da mais elementar justiça, como parte da nossa obrigação de ajudarmos os velhacos que economicamente têm destruído Portugal e em especial o norte do país. Aliás basta atentar no 2º parágrafo do decreto-lei nº67-A/2010 para nos vir um sorriso à cara com tanta hipocrisia junta:

“A introdução de portagens em auto -estradas onde actualmente se encontra instituído o regime sem custos para o utilizador (SCUT) encontra -se prevista, quer no Programa de Estabilidade e Crescimento 2010 -2013, para obter a necessária consolidação das contas públicas, quer no Programa do XVIII Governo Constitucional, destinando -se a garantir uma maior equidade e justiça social, bem como a permitir um incremento das verbas a aplicar noutras áreas fundamentais das infra–estruturas rodoviárias, tais como a conservação, a segurança e o melhoramento da rede de estradas e a ampliação da rede rodoviária nacional.”

Infelizmente longe de promover uma maior equidade e justiça social, esta introdução de portagens com borlas para uns em detrimento de muitos outros, promoverá isso sim um maior desequilíbrio social em zonas do país que se têm progressivamente afastado dos padrões europeus, e estão, com algum desinteresse confrangedor dos nossos políticos e decisores, na vanguarda quando se fala de regiões europeias pobres e atrasadas. Se existe crise, então deveria ser para todos !!!

Para mim as contas a fazer são fáceis e duras…cerca de 20 € por semana…80€ por mês…960€ por ano…Se aos menos vivesse na pobre região algarvia era rodar à borla…mas como sou portuense e me tenho de deslocar pelo Grande Porto, região rica, pago e não me queixo…tenho alternativas dizem eles…como eu gostava de ver o Pinócrates e seus capangas a deslocar-se para a IKEA, por exemplo, via serra da Agrela e demorar mais uns 15 / 20 minutos até chegar ao destino…

Deste processo das SCUT’s e dos constantes ataques centralistas ao Porto e ao norte, consigo retirar algo de positivo: Ainda bem que não votei neste 1º ministro Pinócrates…

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