"...E as teias que vidram nas janelas

esperam um barco parecido com elas

Não tenho barqueiro nem hei-de remar

Procuro caminhos novos para andar



E É a pronúncia do Norte

Corre um rio para o mar..."


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Estádio Do Dragão em Lego - IPO Porto



Caros leitores,

Não tenho tido muito tempo para postar sobre alguns temas mas vi no site do JN uma reportagem-vídeo que não posso deixar passar sem a mencionar! Por isso que se lixe o chefe e o trabalho…e que venha o post :-)

Convém referir que aqui no trabalho não tenho permissões para assistir a vídeos e por isso este post não versará o conteúdo exacto da reportagem mas antes realçará o motivo e todos aqueles intervenientes que estiveram na génese da notícia.

Uma das instituições que mais admiro na cidade é sem dúvida o IPO e em particular a sua aula de pediatria. Fico sempre emocionado quando vejo as notícias sobre as crianças com cancro, pois sinto que têm de ser obrigadas a crescer demasiado depressa sendo confrontadas com sentimentos e emoções que deveriam estar arredadas da vida de qualquer criança.

É por isso sem surpresa, que as visitas dos seus ídolos (especialmente do desporto e da televisão) são momentos em que se esquece o sofrimento e em que a felicidade e a alegria irrompem das suas jovens faces, proporcionando-lhes encontros que a memória se encarregará de guardar como se fossem o mais precioso dos tesouros.

Infelizmente não é possível aos ídolos estarem sempre presentes, pelo que o extraordinário trabalho de todos os envolvidos, desde médicos a enfermeiros passando pelos briosos voluntários e demais profissionais que me possa ter esquecido (não conheço o funcionamento do IPO) mas que certamente não se cansam de ajudar as crianças, se reflecte na procura de actividades que possam abrilhantar os dias dos mais jovens e transmitindo-lhes conforto e esperança num futuro melhor.

Neste contexto, a “Projecto Construir”, o IPO do Porto e o Futebol Clube do Porto, desafiaram as crianças da ala pediátrica a construir uma réplica do Estádio do Dragão em peças Lego. A “Projecto Construir” é uma associação de intervenção social portuense, que procura através de actividades lúdicas e didácticas apoiar indivíduos institucionalizados, com especial destaque para as crianças.

Aplaudo de pé esta iniciativa! Na impossibilidade de verem ao seu lado o Hulk, o Falcao ou o Helton, julgo que deve ser emocionante para as crianças, participar em conjunto num projecto que terá como resultado final uma reprodução em ponto pequeno mas extremamente fiel, como se pode inferir da imagem do vídeo ou da foto publicada no site da “Projecto Construir”, do local onde os seus ídolos costumam jogar à bola!

Para além do aspecto emocional associado a este projecto, o recurso à técnica de construção de modelos com peças LEGO tem, para a “Projecto Construir”, o intuito de aumentar a auto-estima, a auto-disciplina, a motivação para o trabalho colaborativo e a concentração, tornando-se um meio de dinamização dos resultados dos tratamentos, no caso de crianças institucionalizadas em estabelecimentos de saúde, ou na actividade de reinserção social no caso de outras instituições.

Esta notícia surgiu numa altura em que curiosamente ando a preparar um post sobre o voluntariado na cidade do Porto. Todos os casos que tenho vindo a descobrir e mais este belo exemplo, são para mim provas que a sociedade ainda vai sendo composta por pessoas honestas e de um carácter extraordinário que procuram confortar, na medida do possível, quem passa pelas mais diversas adversidades.

Em relação a este projecto do estádio, é também nestes momentos em que fico orgulhoso em ser Portista. Ter o FCP como parceiro desta louvável iniciativa é para mim uma alegria indescritível e reafirma o papel social que o clube mais representativo da cidade tem obrigatoriamente de desempenhar no seu burgo.
Felizmente que não é o 1ºcaso de solidariedade azul e branca para com os portuenses e não só. Nós portistas estamos habituados a ver o nosso presidente, os nossos dirigentes e atletas a confortar corações e a proporcionar sorrisos.

Os links importantes para quem tiver interessado:

Reportagem do JN


“Projecto Construir”
(aqui podem ser encontrados, para além de informações sobre a instituição, mais detalhes sobre o projecto do estádio)

Antes de terminar gostaria de agradecer a todos os intervenientes neste projecto e de desejar, a todas as crianças internadas no IPO, vítimas de guerra, de abusos e de todas as fatalidades e injustiças em que o mundo e a sociedade são pródigos, uma palavra de esperança num futuro melhor.

O meu OBRIGADO por não desistirem de lutar pela vida!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Porto: Apreciados lá fora…Desprezados cá dentro !

Na passada 4ª feira tive a oportunidade de assistir a um concerto de uma das minhas bandas favoritas: os lendários Guns N Roses. Infelizmente, e à semelhança do que acontece com a maioria dos grandes eventos musicais que aconteceu por solo nacional, o concerto teve lugar em Lisboa pelo que para além do bilhete somaram-se todos os custos inerentes à viagem…e lá ficou o bolso mais leve mas a alma bem satisfeita com um concerto fabuloso!

Por esta altura devem estar a questionar, o que raio tem a ver este início de post com o conteúdo habitual do blog. Ora bem, um concerto realizado em Lisboa tem logicamente uma esmagadora maioria de espectadores oriundos daquela zona geográfica. No intervalo que mediou a actuação dos Guns e o concerto da banda de abertura, tive a infelicidade de presenciar um momento que me deixou incrédulo.

Num grupo maioritariamente feminino, uma das moçoilas opinou sobre algo e de pronto foi interrompida por uma amiga (?), acusando-a de falar com um sotaque esquisito à Porto. Essa sujeita repetiu essa observação mais duas ou três vezes até que a amiga (?) pediu desculpa afirmando que agora tinha muitos colegas do Porto e poderia estar a apreender a sua maneira de se expressar.

Fiquei manifestamente incomodado e comecei a falar à Porto com a minha namorada, mandando algumas bocas que a circunstância exigia, e esperava, quiçá imbuindo de um espírito demasiado sonhador, que a lisboeta se desculpasse pelo tom odioso com que tinha repreendido a amiga. Facilmente adivinharão que isso não aconteceu.

Infelizmente, esta atitude de repúdio pelo Norte e pelo Porto em particular, não é uma novidade mas julgo que temos assistido com bastante frequência a episódios que procuram denegrir a imagem da cidade e dos que nela habitam.

Um exemplo desta cruzada pode ser encontrado no futebol. Ainda na semana passada, o presidente de um clube de futebol foi recebido por um governante para pedir medidas de protecção especial quando a equipa lisboeta tiver que jogar fora de casa e tiver como destino, ou ponto de passagem, a cidade do Porto. O mesmo presidente prometeu surpresas, caso o autocarro fosse novamente alvo de arremessos de pedras ou outros objectos.

É óbvio que o que têm sucedido aquando das mais recentes visitas desse clube lisboeta à Mui Nobre e Leal cidade, não é próprio de um país civilizado. Mas também é importante não esquecer aquilo que sucede com os atletas, dirigentes e adeptos do FCP quando vão jogar na região da grande Lisboa. Fazer do Porto a região mais perigosa do País e fazer ameaças vãs, qual general de um qualquer país totalitário do terceiro mundo, é querer passar uma mensagem de rancor que invariavelmente terá um resultado nefasto.

Não sou um santo, pois também costumo gozar com o sotaque de Lisboa, nomeadamente o das tias de Cascais. Mas sempre na brincadeira, sem qualquer tipo de sentimento negativo associado. E julgo que não sou apenas eu a brincar com essa pronúncia. Mas tenho a certeza que nunca vi ninguém a demonstrar uma aversão tão grande a uma pronúncia regional, como aquela a que eu assisti no pavilhão atlântico.

Em contraponto a esta crescente repugnância nacional por tudo o que é nortenho e portuense, deixo aqui um artigo publicado no matutino inglês “Telegraph”.

Embora já tenha lido elogios mais bonitos à nossa cidade (e que publiquei aqui) e não concorde com opinião do autor relativa à indicação dada de não fazer compras na Rua 31 de Janeiro em virtude do seu elevado declive, é sempre agradável verificar que a nossa Cidade vai sendo falada no estrangeiro e eleita como um local aprazível para férias.

Ao menos lá fora, não existem energúmenos a irritar-se com a nossa pronúncia.